17 de jan. de 2018

Resenha: O Escravo de Capela - Marcos DeBrito

Durante a cruel época escravocrata do Brasil Colônia, histórias aterrorizantes baseadas em crenças africanas e portuguesas deram origem a algumas das lendas mais populares de nosso folclore.Com o passar dos séculos, o horror de mitos assustadores foi sendo substituído por versões mais brandas. Em “O Escravo de Capela”, uma de nossas fábulas foi recriada desde a origem. Partindo de registros históricos para reconstruir sua mitologia de forma adulta, o autor criou uma narrativa tenebrosa de vingança com elementos mais reais e perversos. Aqui, o capuz avermelhado, sua marca mais conhecida, é deixado de lado para que o rosto de um escravo-cadáver seja encoberto pelo sudário ensanguentado de sua morte. Uma obra para reencontrar o medo perdido da lenda original e ver ressurgir um mito nacional de forma mais assustadora, em uma trama mórbida repleta de surpresas e reviravoltas.


Autor: Marcos DeBrito
Editora: Faro Editorial
Classificação: 3,5 de 5 estrelas
Ano: 2017
Páginas: 298



Em O Escravo de Capela do autor Marcos DeBrito nós iremos conhecer um pouquinho mais a respeito da época escravocrata, onde negros eram mantidos em senzalas e obrigados a fazer trabalho escravo.

Antônio Segundo, filho de Antônio Batista, dono da Fazenda Capela e de uma grande extensão de terra, sempre foi muito temido, pois nunca teve pena de nenhum escravo e bastava um pequeno deslize para ele empunhar o seu chicote e arria-lo nas costas de algum deles.

Fruto dessa sua brutalidade, seu pai estava perdendo muitos escravos, coisa que não o estava deixando nem um pouco feliz. As inconsequências de seu filho estavam afetando a si e a sua fazenda, não que ele sentisse pena dos escravos, mas cada homem morto era menos dinheiro em sua "conta".

Sabola fora um recente escravo adquirido pela fazenda, ainda jovem, não sabia falar a língua de seu grã-senhor, mas apesar de tudo, era bem esperto. Porém em seu primeiro dia já teve uma desavença com Antônio Segundo, sem entender nada do que seu senhor falava, acabou por ser violentado em seu primeiro dia na fazenda.

Akili, ou Fortunato, nome que lhe fora atribuído na fazenda, não anda por fruto de Antônio Segundo, ele lhe batera tanto que deixou o homem com a perna toda esmagada. Akili tentou fugir da fazenda, mas acabou sendo encantado por uma mulher que estava na casa do grã-senhor, sendo assim, acabou sendo pego. Apesar de tudo, Akili ainda vivia na senzala, porém sem realizar tarefa alguma.

O tempo foi passando, Akili e Sabola foram se conhecendo e conversando cada vez mais, o que era proibido, mas ambos tinham um plano: fugir dali.

Akili queria se aproveitar da fúria de Sabola para tentarem sair daquele local e se tornarem livres, ele iria dando as instruções para Sabola e o escravo fugiria, mas depois voltaria para buscar Akili e leva-lo de uma vez por todas daquele local.

Mas nem tudo são flores, no dia em que Sabola tenta fugir, algo de ruim lhe acontece. Mas como nada fica impune, os residentes da Fazenda Capela irão sofrer muito ainda por uma entidade que eles não sabiam que existia.

Há alguns anos, fruto de uma parceria com o autor, eu li o seu primeiro livro e AMEI, então quando fiquei sabendo que ele iria lançar um livro pela Faro, fiquei bem animada e com vontade de ler.

Marcos em O Escravo de Capela, mistura uma história de época com uma lenda folclorística brasileira bastante conhecida por nós e cria um cenário com bastante sangue e horror.

Durante a leitura eu fiquei bem assustada, no começo senti uma enorme raiva de Antônio, um personagem que eu senti total nojo e desprezo durante o livro todo, assim como o seu pai e os seus capatazes. Não admito que uma pessoa seja tão cruel com outro ser humano (apesar de que diariamente presenciamos coisas terríveis).

Única coisa que me incomodou durante a leitura foi a demora para desenrolar a história, muitas das vezes me sentia entendiada, algumas partes não tinha ação alguma, outras tinham ações demais. Mas não me atrapalhou em nada, pois estava muito ansiosa para saber como terminaria toda aquela carnificina. 

O final foi extremamente surpreendente e muito bem pensado, não me decepcionou de forma alguma e me deixou bastante surpresa. Eu NUNCA que iria imaginar que aquilo aconteceria, me deixou muito perplexa!!!

A edição do livro? Um arraso. Essa capa maravilhosa (que me causa bastante arrepios), esse miolo vermelho que dá um charme ENORME no livro. Entrou na lista de edições preferidas da Faro!

Em suma, pra quem gosta de um bom livro que mistura fantasia e terror e que também promete um grande final, O Escravo de Capela é super recomendado!




8 comentários:

  1. Nossa, a Faro tem arrasado nas obras, só vejo resenhas positivas dos livros <3 Adorei essa resenha, uma forma dinâmica de tratar dessa época tão ruim na nossa história. Esse fiquei bem interessada mesmo, ainda mais vc falando do final, deu uma curiosidade imensa saber o que acontece hehe
    Bjo grande flooor

    ResponderExcluir
  2. Adorei a indicação de leitura, e a proposta do autor de trazer uma história mais verdadeira. Já anotei o nome do livro na minha lista infinita de livros que quero ler

    ResponderExcluir
  3. Deve dá um nervoso ler esse livro, mas confesso que eu gosto muito dessa expectativa! Adorei a resenha! :)

    ResponderExcluir
  4. Gostei muito da sua resenha, parece um livro muito bom e com certeza vou procurar para ler.
    Abraços

    ResponderExcluir
  5. É uma temática bem pertinente a ser explorada. Gostei da resenha que foi bem completa. Vou anotar pra minha infinita lista.

    ResponderExcluir
  6. Curti muito a sua resenha! Estou precisando ler mais livros de autores brasileiros e que se passem no Brasil, por isso fiquei muito interessada neste livro. É meio chato mesmo quando a história fica meio entendiante em algum ponto, mas que bom que o enredo faz você ficar ansiosa pelo final! Fiquei muito afim de ler <3

    Sorria sempre :)
    www.malusilva.com.br

    ResponderExcluir
  7. a faro te publicados uns liveos maravilhosos
    to louca por esse e nao vejo a hora de poder comprar

    ResponderExcluir
  8. A Faro tem publicado uns títulos realmente interessantes né? Mas não gosto muito de ler obras que falam da época escravocata, porque me dói muito pensar no sofrimento do meu povo antigamente (mesmo sendo uma obra literária).
    Mas parabéns pela incrível resenha


    Xoxo
    Abby
    Blog Linhas Tortas

    ResponderExcluir